terça-feira, 11 de março de 2008

Acreditar que o sucesso eleitoral dispensa planificação é cometer um erro que pode custar muito caro ao candidato

A mitologia da política, assim como a sua tradição, sugere que o sucesso eleitoral dispensa planificação. Mais ainda, que as qualidades necessárias ao sucesso – flexibilidade, oportunismo, iniciativa, experiência- não apenas dispensam como não se harmonizam com a elaboração de planos.

As campanhas eleitorais vitoriosas, mesmo para os cargos iniciais da carreira política, recorrem cada vez mais ao planejamento
Se esta é a lição da mitologia, a lição da realidade é que as campanhas eleitorais vitoriosas, mesmo para os cargos mais iniciais da carreira política, recorrem cada vez mais ao planejamento para definir sua estratégia e organizar suas atividades.
Campanhas eleitorais têm tudo para tornarem-se caóticas: tempo limitado, recursos insuficientes, pessoas tensas e cansadas, candidato ansioso e insatisfeito, forte envolvimento emocional, ocorrência freqüente de fatos novos e inesperados, etc.
A forma habitual de lidar com esta realidade dinâmica e nervosa costuma ser "vamos enfrentar os problemas e tomar as decisões na medida em que eles aparecerem". Nesta forma de pensar presume-se que o trabalho duro e a capacidade de resposta rápida serão suficientes. Não são.
Sem o mapa da viagem que o plano proporciona, a campanha tende a ser pautada pelos outros, pelos fatos novos, tornando-se reativa, dispersa, contraditória e ineficaz. Estão sempre alguns milhares de reais a menos e algumas semanas atrasadas em relação ao que se propõem! Somente o planejamento pode controlar esta tendência para o caos que ameaça qualquer campanha.
É certo, entretanto, que a tentativa de introduzir o planejamento vai despertar, no candidato e/ou em membros de sua equipe, reações contrárias e hostis. Estas reações tenderão a assumir uma ou mais das seguintes desculpas que buscam basicamente: preservar espaços já conquistados, proteger reputações, manter a liberdade de improvisação, evitar uma avaliação de desempenho e fugir do desafio de ter que aprender a fazer aquilo a que a pessoa se acostumou a fazer à sua maneira, no seu ritmo, e com seus prazos.
As desculpas mais usadas nestes casos serão as seguintes:
Argumento do tempo: É perda de tempo. Vai se gastar muito tempo em reuniões e escrevendo.
Argumento da teoria x prática: É cair na teoria (no sentido pejorativo do termo). "Na prática nós já sabemos o que precisa ser feito."
Argumento da experiência: "Nunca se fez plano assim e nunca precisamos. Nenhum plano vai ter o conhecimento da cidade x, região x, ou do bairro x, como fulano."
Argumento da rigidez: O plano vai tornar a campanha rígida e pesada. A eleição é muito dinâmica, a toda hora acontecem coisas não previstas. O plano vai inibir a agilidade, a iniciativa e a liberdade de ação, qualidades que são indispensáveis a uma campanha eleitoral.
Nenhum destes argumentos se sustenta logicamente. Tomados em conjunto, eles compõem uma caricatura, que está muito distante do tipo de planejamento que estamos propondo.
Ao contrário, o planejamento feito com competência ganha tempo, é todo voltado para a prática, tem critérios para discernir quando a experiência é útil e quando é superada. E incorpora necessariamente procedimentos para sua modificação, assegurando à campanha uma flexibilidade que não irá comprometer a continuidade do que está funcionando bem.
Fazer ou não um plano de campanha será a primeira e provavelmente a mais importante decisão que o candidato deverá tomar!

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